Seja bem vindo!

Seja bem vindo!
Realizado por: Diana Q. T. de Sousa (1999) - Estudo | Col. Privada (Portugal)

Sente que a Arte Pública tenta contribuir para a definição de uma identidade colectiva?

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Entrevista com: Pedro Marcolino

Esta entrevista tem como objectivo a análise da perspectiva do jovem artista contemporâneo, Pedro Marcolino (graduado em Pintura, pela FBAUP), perante o aperfeiçoamento das novas tecnologias, que sugerem a urgência de adaptação artística ao mundo actual.
D.S.: A arte tem evoluído conforme o desenvolvimento das novas tecnologias (entre outros factores). Considera a Internet um excelente meio para a divulgação de projectos e publicações digitais de arte contemporânea?
P.M.: A Arte sendo produto do Homem, sempre esteve associada às tecnologias disponibilizadas pela ciência e indústria de cada época.
A ligação arte - novas tecnologias sente-se bastante no âmbito da arte contemporânea, devido a aspectos comunicacionais e de desenvolvimento específicos da época presente. Daí que muitas inovações e informações se tornem globais instantânea e simultaneamente. Este facto vem ajudar largamente o artista ou o publico que recebe (não presencialmente) informação “fresca” que de outro modo seria mais difícil de obter, além de ser mais rápida e cómoda de obter. A Internet pode ser um veículo óptimo para a divulgação de projectos e publicações de arte contemporânea, sejam inteiramente digitais ou apenas apresentados digitalmente.
Entendo que possivelmente alguns projectos digitais produzidos inteiramente através da informática e com apresentação através da net, poderão ser eventualmente melhor integrados e apresentados, pois existem condições de leitura da obra semelhantes no computador do receptor (pessoa que explora a Internet) com o computador do produtor da mesma (artista)…
Mas com devidos ajustes, também os projectos efectuados com meios analógicos poderão serão perfeitamente apresentados na net, com as claras vantagens da divulgação global e simultânea, atingindo públicos mais vastos.
D.S.: Considera a divulgação digital como uma nova forma de projecção: do artista, da obra de arte, do interveniente que dá a conhecer a obra de arte (galeria, museu, associação) ou do que vende a obra de arte (galeria, leiloeira, espaço de arte)? No seu caso, considera que a divulgação (através da Internet) das suas exposições e obras de arte foi uma mais valia para uma valorização da sua produção artística?
P.M.: De facto penso que se pode considerar este tipo de divulgação uma nova forma de projecção do artista, da obra, etc.
A divulgação que até agora foi feita do meu trabalho artístico, a meu ver ainda pode evoluir muitíssimo, pois até aqui tem sido cariz informativo, divulgando locais e datas de exposições ou informação / imagens de obras. Mas pode (e deve) ainda evoluir para uma plataforma mais complexa em que a obra estará muito mais integrada, ao invés de simplesmente passar informações sobre ela…
Penso que será a grande diferença entre a circulação de informação sobre a obra e a verdadeira obra digital. Os artistas necessitam de considerar mais este veículo e integrar ou produzir as suas obras neste contexto…
D.S.: Até que ponto uma obra de arte poderá ser considerada objecto de deleite perceptivo, numa apresentação digital?
P.M. Penso que se a obra for a apresentação digital em si, será possível esse deleite. Caso a apresentação não seja muito bem efectuada, poderá não ser possível a fruição, pois estamos a percepcionar não a obra, mas sim uma representação desta…
Pensemos na metáfora da televisão: Hoje em dia podemos ver um filme de guerra sentados num cinema ou no conforto do nosso sofá. Através dos sistemas surround e dos ecrãs gigantes sentirmos emoções fortes provocadas por esses estímulos. Mas sabemos que estamos na segurança desse local. Essa experiência não será minimamente comparável à presença num cenário de guerra. Penso que com a Internet será semelhante…exceptuando as obras produzidas com a apresentação digital como finalidade.
D.S.: Qual é a frequência que utiliza a Internet e os meios que ela dispõe? Quais são os seus sites e blogs favoritos, no âmbito da arte contemporânea?
P.M.: Frequento a Internet diariamente, várias vezes por dia. Para comunicar e para pesquisar, tanto para trabalho como para outros fins.
Penso que é de referir o site da
anamnese [www.anamnese.pt]. Trata-se de um projecto que veio ajudar a divulgar e condensar informação sobre os artistas portugueses contemporâneos. É incontornável para se ter uma melhor noção da actividade dos artistas portugueses, visto que funciona como um arquivo, ideal numa área na qual a informação geralmente está dispersa. Curiosamente já foi editado fisicamente, em livro…
Um dos últimos sites que vi recentemente foi o de Marta Menezes [
http://www.martademenezes.com/] uma artista portuguesa que habita no reino unido, cuja base de trabalho consiste em modificações de ADN para obtenção de modificações em diversos seres.
Isto só para mencionar dois, na net encontram-se muitos mais…

D.S.: Como define a sua posição no espaço virtual? Tem algum site e/ou blog onde faça referência à sua produção artística?
P.M.: Uma parte do meu trabalho artístico utiliza meios digitais, como manipulação e desenho bitmap e vectorial. Existe alguma informação sobre parte do meu trabalho (performance multimédia- “Gabinete Exteril de Somato Morfos” e da exposição de fotografia “Big Bangs”) no site da galeria Exteril [www.exteril.com] ou em [http://www.exteril.com/exposicoes/2006/50_01jul_pedro_marcolino/1pm.html].
Ainda não decidi avançar para a construção de um site pessoal, pois de momento estou concentrado na dissertação de mestrado, o que me tem abrandado um pouco nesse aspecto. Quero fazer um site mas será preciso mais concentração do que a que disponho nesta fase…será para um próximo episódio…
D.S.: Na sua opinião, até que ponto a arte digital pode desvirtuar ou não o conceito e percepção da obra de arte?
P.M.: Penso que esta é uma questão bastante importante. Já à muito se diz que é necessário ir às galerias e museus ver e sentir a obra, ao vivo e a cores. Concordo com a ida aos locais, no caso de Internet ser a simples divulgadora de informação, será semelhante a ler uma revista de arte. Podemos ler uma crítica ou conhecer o conceito da obra e ver algumas fotos, apesar de isto servir apenas como “aperitivo” ou “preview” para uma visita. Neste caso, a net não pode substituir a presença “in loco”, pois só no local onde permanece a obra se poderá frui-la inteiramente.
Se por outro lado, a obra for “virtual” e só existir em bits na Internet ou num outro suporte informático, então a fruição poderá ser feita em qualquer lado que apresente possibilidades de visualização, em casa ou em qualquer outro sítio que tenha acesso a esses dados.
Ainda em relação às visitas de obras físicas, acredito que seja uma questão de tempo e de desenvolver da tecnologia, até que as visitas virtuais se tornem tão avançadas, de modo a que se possam sentir as obras melhor assim como o espaço envolvente, em ambiente de realidade virtual. Mas para já temos ainda de ir aos espaços ver as obras de existência física.
Algumas inteiramente digitais podemos já contemplar sentados na nossa cadeia favorita…
Obrigada pela sua colaboração,
Diana Sousa.

Sem comentários: